Welcome to the fantasy

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

#First ( My Abyss )



“Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta...”


“Vermelho”

Um liquido avermelhado pingava no chão. 
“Vermelho... Quente”

Um cheiro adocicado invadira o ambiente. As paredes estavam manchadas, o mesmo com as camas ali presentes. O tempo não passava, as presas se aprofundavam mais e mais. A neve atravessava a janela, e mudava de cor assim que o fazia.
“Saboreio...”

Lágrimas manchavam o rosto da vítima, as bochechas já perdiam o tom rosado. O sofrimento era tal que fora a primeira vez a qual aquela camponesa, se vira desejando morrer. Podia sentir a chegada dela, a mãe do seu destino. 

A morte.



- Qual o problema? Onde estão os seus gritos? A sua agonia? Torne as coisas mais emocionantes para mim...
Era um caçador. Não, não era o termo certo. Matava, desmembrava, comia, satisfazia sua sede... Não tinha coração, ou arrependimento que o fizesse sentir a mínima gota de remorço. Era um monstro.


- Hmm...


Agora podia senti-la. A razão pela qual atacara aquela mulher. Não era um vampiro, de forma alguma. Ele era um demônio, e como tal, era desprovido de qualquer pureza. Bebia sangue, mas isso não o satisfazia. Este ser em especial caracteriza-se por sua dramaticidade. Era fabuloso ver os humanos encontrarem os corpos vazios. O desespero dos vivos, a agonia... Era um frenesi para ele. Mas o seu verdadeiro alimento, a única coisa que o mantêm longe da insanidade, forte, e resistente... Era a coisa mais pura que se podia encontrar. A única virtude presente em todos os humanos, e qualquer outro ser vivo que não fosse demônio possuía... A alma.


- Tão imaculada... Ah! O que temos aqui... A alma de uma virgem... Fabuloso, realmente fabuloso.


Sua boca já não se encontrava mais na artéria do pescoço dela. Ah, não. Agora ele a beijava vorazmente... Ou pelo menos, assim pensaria quem estava de fora. Jamais imaginariam o que ele fazia. Os humanos não podiam ver as próprias almas, quanto mais a de seus semelhantes. Ele a sugava desejoso... Era tão doce e incólume...

- Droga! O tempo já está acabando!


Assim ele se fora, deixando-a inerte no chão. Não se preocuparia em esconder os vestígios, ninguém jamais descobriria quem cometera o atentado. Ele riria se não fosse a tamanha ira e pressa que tinha. Mas que merda... Era o amanhecer. Dali a poucos minutos, o sol se reergueria novamente. Ele não temia a claridade, apenas não seria ele mesmo quando ela viesse.


O vento rebatia em sua dura pele, ela era macia, mas muito resistente. Amava a sensação de poder, até mesmo o vento não lhe feria. Pulava os telhados, e logo se deparou com o bosque. Um sorriso sombrio invadira seu rosto. Ele voava, não literalmente, mas a velocidade que corria e saltava nos galhos, era como se o fizesse. Já podia vê-la agora. Um som agudo invadira o bosque, esta era sua risada.


Uma ave negra deslizava ao seu lado. Mais especificamente, um corvo maior do que o normal.


-"Ó tu que das noturnas plagas; vens, embora a cabeça nua tragas; sem topete, não és ave medrosa; dize os teus nomes senhoriais; Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"


E o Corvo disse:


- "Nunca mais."


- Então você conheceu Allan Poe?


A ave não lhe respondeu, mas ele sabia a resposta. As árvores chegaram ao final. Viu-se em frente a um lago maculado, mas não parou. Ao invez disso, deu salto ao chegar na beirada, e o atravessou sem problemas. O corvo já não estava mais ao seu lado. O mesmo som agudo de antes, passava por seus lábios.


Como sempre, pontual.






{ Continues... }

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