Welcome to the fantasy

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Amarga Solidão

Alguém sussurrava o seu nome... Mas quem? A voz era tão familiar, mas tão distante...

Uma brisa leve assoprava em seus ouvidos enquanto brincava com os seus cachos soltos... Engraçado, essas sensações eram tão familiares...

- Anne... 

Era um sonho novamente. O sonho que resolvera instalar-se em todas as noites desde aquele dia... Sim, desde aquele maldito dia, ela tivera esse sonho repetitivamente.

Mas esse sonho era diferente dos demais. Desta vez ela ouvia uma voz, aquela voz que um dia amara mais do que sua própria vida. A voz daquele que tanto almejava. Daquele que pretendia entregar-se por inteiro...

... Até aquele maldito dia.

- Anne Marie... 

Um arrepio percorreu-lhe por todo corpo. Como podia ser tão desprovida de criatividade? Disseram-lhe que os sonhos são desejos do subconsciente... E ela já não tinha mais desejo nenhum, nenhuma ambição, nenhuma expectativa nessa vida amarga. Nada além de tê-lo ao seu lado novamente.

Maldito dia.

- Anne Marie...

Irritou-se consigo mesma, como podia desistir de sua vida? Como podia ter se esquecido de todos que um dia amara? Como aquela jovem adolescente de personalidade forte sumira?

Como...?

- Anne Marie... ... Abra os olhos...

Ele estava morto. Sim, o primeiro - e com convicção o último - por quem partilhou seus sentimentos mais fortes... Por quem partilhou sua existência e ganhara motivos para temer a morte.

Maldito dia. 

Seu corpo doía. Estava frio demais. Ela estava congelando... Mas isso era errado, ela lembrava-se de ter fechado a janela antes de deitar... Estendeu a mão em busca do cobertor, mas nada encontrou.

Anne Marie...

Por quê? Por que de todas as pessoas neste mundo... Por que foi ela que perdeu o que mais amava? Por que Deus? Se você realmente existe e sente algum amor por teus filhos... Por que a fez sofrer tanto?

- Anne Marie... Querida... 

Era uma brincadeira de mau gosto. Uma peça que Deus estava pregando nela, ele queria vê-la despedaçar até o ultimo minuto... 

- Você não está sonhando... Acorde... 

Não estava sonhando? COMO NÃO ESTAVA SONHANDO? Ele estava morto. Vira-o ser enterrado sete palmos abaixo da terra.

Chega. Ela iria acordar. Mas desta vez, acordaria para a verdade. Torturava-se todas as vezes em que acordava, só em perceber, o quão dura era a realidade. A sua vida era uma mentira... Mas a sua morte não seria.

- Suzannah... Finalmente... Querida, não chore... Desculpe-me por deixá-la... Mas eu estou aqui novamente. Estou de volta para você.

Pare!

Isso era demais para ela. Já não bastavam meses de sofrimento naquela cama?

Não! Ele tinha que maltratá-la. Maldito seja Deus.

Suzannah caminhou decidida até a sua janela, não deixaria nenhum bilhete. Não havia mais a quem deixar. Ela finalmente percebia que era um estorvo para todos. Eles desistiram dela há muito tempo.

- Anne Marie...

Deu uma última olhada nas fotos em sua mesinha, sorrira. Os músculos do rosto doíam pelo esforço... Ao que seria o seu último ato... Ainda lembrava-se do seu tom de raiva quando ela fazia algo sem pensar... Ele se preocupada tanto com ela... Maldito dia!

Começara a chover, o céu chorava por aquela pobre garota que perdera o seu amor ainda nova. Mas ainda não era tarde de mais, ela não desistiria de seu amado, não amaria mais ninguém se não ele. 

E ela finalmente iria encontrá-lo novamente... 

...Afinal, suicidou-se.

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